“Para um projeto ser considerado sustentável, ele deve ser ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo”

Essa é uma das melhores definições de sustentabilidade do inglês John Elkington (especialista em responsabilidade corporativa).  Mas parece que por aqui ainda estamos fazendo tudo ao contrário, não é mesmo?

Tendo como marco a Revolução Industrial no século 19 e os grandes avanços técnicos e científicos que se seguiram, podemos verificar um crescimento exponencial do número de habitantes do planeta e, com isso, o aumento das demandas por mais energia, moradia, infraestrutura (água, esgoto, drenagem urbana, resíduos), mais alimento e por aí vai. No entanto, mesmo com o aumento da produtividade, tornou-se evidente que as fontes de recursos, quaisquer que sejam elas, são limitadas e o custo de produção tende a ser cada vez mais alto, gerando escassez para grande parte da população.

E como vamos explicar isso para as gerações futuras? Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur), Ariovaldo Caodaglio, sustentabilidade é o termo usado para definir as ações e atividades que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. “Para isso é absolutamente necessário que saibamos entender, definir e atender nossas necessidades pensando que qualidade de vida não é algo como um buscar individual, mas também uma concepção coletiva (trocar o eu pelos nós)”, afirma.

O conhecimento do problema coletivo, na visão de Caodaglio, faz com que a responsabilidade de cada um seja evidenciada. “Afinal, aonde vamos levar essa montanha diária de resíduos? Queremos isso perto de nossas casas? Quanto custa para a população lidar com essa questão? Por que não reduzir essa produção diária, pelo uso racional de algo antes que se torne resíduo?  Isso passa por ações individuais, estimuladas, replicadas, que integram as ações do indivíduo dentro do interesse coletivo”, reflete.

 

Seja mais sustentável

Segundo o presidente da Selur, para sermos efetivamente sustentáveis nas nossas ações diárias, podemos pensar em atitudes simples, tanto econômica, ambiental como social, com interfaces entre si. “O uso da energia e da água são temas atuais, e não excludentes entre si. A energia provinda das barragens está cara porque sendo a principal fonte do recurso na matriz energética brasileira, sofre da falta de planejamento de longo prazo e da escassez da água. Regular o uso da água e da energia elétrica são atos sustentáveis; a separação da fração úmida da fração orgânica dos resíduos domiciliares é outro exemplo”, pontua.

Além disso, ele diz que o esforço em mudar seu perfil de compras, buscando reduzir sua produção de resíduos se alinha a isto também (exemplo, por que aceitar os pallets de madeira, plásticos-bolha que embalam a geladeira nova? Por que não fazer com que a empresa que vende leve tudo isso de volta?). Doar utensílios, dispositivos, roupas, etc., que estejam em bom estado de conservação é altamente sustentável. Sem contar reduzir o uso do veículo para cobrir apenas distâncias consideráveis ou não possíveis de serem cobertas por transporte público ou outro tipo de transporte.

O que não podemos deixar de lado também é que uma pessoa dentro de casa, ao reconhecer a importância que seus atos cotidianos têm para com a sustentabilidade do planeta, podem também influenciar, e muito, as pessoas com as quais convivem. “Não é necessário ser chato, e tocar a todo instante no assunto; mas aproveitar pequenos atos para deles expor uma indução, um entendimento. É transmitir informação sobre os assuntos, gerando conhecimento e tornando as bases de raciocínio mais voltadas ao “nós” do que ao “eu”; é proporcionar exemplos efetivos de conduta ambientalmente adequada, de interessar a todos nos assuntos que via de regra passam desapercebidos, mas que são fontes de exercício do saber”, reforça o presidente da Selur.

Por fim, ele reflete que se isso fosse convenientemente exercitado, será que teríamos tido a epidemia de dengue/zika que nos atinge?

A casa não deixa de ser o local onde ações que ali são feitas somam-se a outras e influenciam a vida de dezenas, centenas e milhares de pessoas. O bairro é grande, mas começa por sua casa. Assim são as cidades e os países. - Ariovaldo Caodaglio

Em outras palavras, a mudança começa por você!

 

Você sabia?

Quem nunca ouviu falar no termo Pegada Ecológica? Mas, você sabe o que é? Em uma explicação simples, pegada ecológica é a mensuração que é feita para contabilizar os recursos naturais biológicos renováveis (grãos e vegetais, carne, peixes, madeira e fibras, energia renovável, etc.), segmentados em Agricultura, Pastagens, Florestas, Pesca, Área Construída e Energia e Absorção de Dióxido de Carbono (CO2). “É o resultado da nossa passagem pelo planeta, nossas ‘impressões digitais’ no balanço do que consumimos e quanto a Natureza tem de produzir para atender a esse consumo”, explica o presidente da Selur.

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Segundo Caodaglio, medir o quanto o planeta pode produzir de alimentos, de água, e de tudo que é necessário para manter a vida humana na face da terra; são atores dessa pegada, como as indústrias, os clubes, as cidades, as nações, etc. “Mas reparem que isso é a expressão coletivizada que resulta, sempre, da ação do homem, eu, você, o vizinho, e assim por diante. Reduzir a pegada biológica significa diminuir as pressões que são feitas sobre o ambiente, tendo em vista que o planeta tem recursos finitos e não podemos dispor deles sem pensar nas gerações que virão após nós”, considera.


Texto: Juliana Klein / Foto: ©Matic Stojs/Shutterstock.com

Written by viverfazbem