Você sabia que mesmo a maioria dos pais sabendo dos riscos que as crianças correm navegando pela internet hoje em dia, apenas 32% orientam ou fazem algo para que os filhos não fiquem sob essas ameaças?

A pesquisa foi realizada pela Kaspersky Lab e pela B2B International e mostrou que esses 20% de pais que não fazem nada para proteger seus filhos das ameaças da web, já presenciaram, inclusive, os filhos em contato com ameaças on-line; como a exibição de conteúdo inadequado, interação com estranhos ou ciberbullying. Para 53% dos entrevistados, a internet ainda afeta negativamente a saúde ou o bem-estar das crianças.

Na opinião da psicóloga da Clínica de Oncologia Médica (Clinonco), psicanalista, membro da Clínica de Estudos e Pesquisas em Psicanálise da Anorexia e Bulimia (Ceppan) e professora do curso de formação em psicanálise (CEP/SP), Gabriela Malzyner, a internet é, ainda hoje, território de ninguém. Por isso, os pais e a sociedade como um todo precisam descobrir como usufruir da internet ao mesmo tempo em que devem buscar formas de proteger as crianças dos conteúdos inconvenientes para eles. “Esse é um trabalho para cada família, mas principalmente para nós como sociedade”, acredita.

 

Perigo real no mundo virtual

Segundo a Dra. Gabriela, a internet oferece toda forma de conteúdo, desde aqueles superinteressantes e apropriados, até conteúdos adultos inapropriados para a infância e etc.  “E não devemos liberar toda forma de conteúdo e de informação para as crianças pois muitas vezes eles não têm como lidar com esse material e então pode ser traumático”, adverte.

Mas ela pondera de que a internet não afeta negativamente a saúde e o bem-estar das crianças. Afinal, não temos como negar a sua riqueza. “Ela não deve ser demonizada e tão pouco sacramentada. É um território novo e devemos aprender a cuidar de quem hoje cresce imerso nesse universo”, avalia.

 

Na dose certa

Então, proibir as crianças de acessar a Internet não é o melhor remédio! A psicóloga acredita que o mais importante seja instrumentalizar essa criança e jovem para que ele se torne capaz de não se pôr em risco e seja crítico frente aquilo que vê. “Até porque não somos capazes de proibir tudo o tempo todo, então logo me pareceria uma estratégia furada”, afirma.

Segundo ela, os pais, escolas, familiares e amigos devem estar atentos às crianças e jovens como um todo. “Gosto de traçar um paralelo com um bebê solto na casa, ninguém deixa uma criança em um território que pode ser seguro, mas também pode oferecer risco solto sem supervisão de um adulto responsável; a internet pode ser comparada com esse ambiente- ela é inevitável, mas precisa de atenção. Diálogo e conversa, para formar seres com capacidade crítica; é fundamental para protegê-los não só dos riscos da internet, mas também daquilo que os cerca no mundo”, reforça.

Por fim, ela analisa como fazemos para resguardar nossos filhos de forma geral? Perguntamos sobre o dia, nos preocupamos, conversamos na escola, ouvimos, prestamos atenção, observamos, etc. “A internet não foge desse formato, é mais um dos aspectos que temos que lidar e estarmos atentos, mas respeitando o espaço do outro, sem invadir, mas promovendo confiança e dialogo.


Texto: Juliana Klein / Foto: ©sam74100/iStock.com

Written by viverfazbem