Equilíbrio e diversidade na alimentação é garantia de saúde e bem-estar
Não é de hoje que as pessoas deixaram de se preocupar com o equilíbrio na alimentação e acabaram focando em alimentos específicos, no entanto, o excesso no consumo de um determinado alimento ou nutriente pode causar os efeitos adversos.
Observamos esse fenômeno com a soja, que em pouco tempo tornou-se um alimento milagroso. Mas pesquisas apontam que os efeitos adversos decorrentes do alto consumo da soja também merecem nossa total atenção.
A nutricionista e especialista em segurança alimentar da Unicamp, Pérola Ribaldo esclarece que a soja é um alimento da família das leguminosas, que são basicamente grãos encontrados dentro de vagens. É um alimento ricamente proteico, abundante em aminoácidos diversos, o que a torna um dos vegetais que mais se aproxima das proteínas animais, chamadas de alto valor biológico ou completas.
Pérola conta que por essas características a soja torna-se um bom substituto às carnes em dietas vegetarianas, especialmente. E por ser um alimento com alto teor de proteínas e barato é uma grande matéria-prima da indústria de alimentos, mas é aí que começam os problemas!
Os dois lados da moeda, ou melhor, da soja!
Para enriquecer o valor proteico de produtos industrializados como presunto, frangos processados, embutidos em geral, suplementos e substitutos de refeições (os famosos shakes) e outras preparações, usa-se uma boa quantidade de soja, o que resulta em um alto consumo ‘invisível’.
A nutricionista lembra que dessa forma existe uma sobrecarga no consumo da soja. “Apesar de alto teor proteico, a soja tem grande quantidade de fatores antinutricionais que são componentes que impedem a absorção de outros nutrientes e comprometem a boa ação dos hormônios”, alerta.
Ela relata que a soja contém um dos princípios bioativos, a isoflavona, que pode fornecer alívio de sintomas da menopausa e proteger contra o câncer de mama e doenças cardíacas. Porém, não foi encontrada proteção aos ossos, mantendo no mesmo status o risco de osteoporose, especialmente em mulheres na fase da menopausa.
Essa mesma isoflavona, capaz de auxiliar as mulheres na menopausa, pode causar alterações hormonais importantes em crianças, levando à puberdade precoce e ginecomastia (aparecimento de mamas) em meninos. Outra consequência é o comprometimento no crescimento em crianças que consomem altas doses de alimentos a base de soja.
No caso de indivíduos com elevação de colesterol LDL a soja também é um excelente aliado, ajudando a normalizar os níveis de forma rápida e eficiente.
Pérola reforça que o segredo da boa alimentação consiste na diversidade. Variar ao máximo os alimentos coloridos, vitaminas, minerais e compostos nutricionais que estamos oferecendo ao nosso corpo, além de reduzir as consequências daquilo que não seja tão interessante para a nossa saúde.
Segundo ela, não existem alimentos milagrosos ou proibidos, o bom resultado está em variar bastante a dieta. “Em relação à soja, as consequências desagradáveis vêm do excesso do seu uso, especialmente à longo prazo. Porém limitar o consumo de alimentos industrializados e processados já ajuda bastante a diminuir o contato com a soja, permitindo seu uso como grão ou derivados, como sucos, tofu, pasta de soja entre outros com maior segurança”, conclui.
Texto: Erika Marinho / Foto: ©Amarita/Shutterstock.com
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